Desde
que nascemos aprendemos uma infinidade de coisas na vida, tornamo-nos muito
bons em algumas delas, mas talvez nunca alguém tenha nos ensinado a ficar
só. Ou porque a vida é tão corrida e não há tempo para ficar “sem fazer nada”
ou porque não se ensina o que não se sabe.
Seria
estranho ensinar às pessoas a viver a experiência profunda do silêncio para
encontrar repouso, esquecer as preocupações e ouvir o próprio coração?
Certamente não! Seríamos pessoas menos devoradas pelas atividades e sufocadas
por apegos. Transmitiríamos mais paz interior e nossa presença seria
naturalmente mais serena.
Infelizmente
não fomos acostumados ao silêncio. Preferimos o tumulto do dia a dia e não
percebemos que o silêncio nos devolve a nós mesmos porque recompõe e harmoniza
o que está desintegrado dentro de nós. É como se pudéssemos desatar-nos do que
nos prende às coisas, libertando-nos, soltando todas as amarras, tornando-nos
pessoas mais autênticas.
Jesus
já ensinou o caminho: “Mas vós, quando orardes, entrai em vosso quarto e,
fechando a porta, orai a vosso Pai em segredo...”
Uma
vez encontrado assim o lugar retirado, amemos este lugar e voltemos a ele
sempre que for possível e não tenhamos pressa em trocá-lo por outro. Deveria
haver algum quarto ou lugar onde ninguém pudesse nos encontrar ou perceber
nossa presença.
Se
não temos este lugar ainda, Thomas Merton nos dá uma boa dica: “As igrejas
nas cidades são, por vezes, solidões tranquilas onde há paz. É como se fossem
cavernas de silêncio onde pode alguém buscar refúgio contra a intolerável
arrogância do mundo dos negócios. Pode-se, às vezes, estar mais só numa igreja
do que num quarto de nossa própria casa. Nessas igrejas fica-se incógnito,
imperturbado entre as sombras, onde há apenas um ou outro desconhecido”.
As
Igrejas são verdadeiramente lugares onde encontramos refúgio e podemos nos
ajoelhar em silêncio. Casas de Deus, cheias de sua presença
silenciosa. Se as palavras não brotam do coração podemos ficar ali apenas a
mergulhar no silêncio e adorar, em segredo, o Pai.
Quando
vamos para o “deserto” não é com o intuito de fugir das pessoas, mas para que
possamos aprender a encontrá-las verdadeiramente. E, se descobrirmos como
encontrá-las em nosso jeito de amar, de respeitar, de perdoar, de entender, de
tolerar, o silêncio terá cumprido sua missão que é a de nos mover a olhar para
dentro de nosso coração e encontrar ali, o que de melhor pudermos oferecer às
pessoas.
Imagem:Google
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