quinta-feira, 4 de abril de 2013

APRENDER A ESTAR SÓ...


Desde que nascemos aprendemos uma infinidade de coisas na vida, tornamo-nos muito bons em algumas delas, mas talvez nunca alguém tenha nos ensinado a ficar só. Ou porque a vida é tão corrida e não há tempo para ficar “sem fazer nada” ou porque não se ensina o que não se sabe.
Seria estranho ensinar às pessoas a viver a experiência profunda do silêncio para encontrar repouso, esquecer as preocupações e ouvir o próprio coração? Certamente não! Seríamos pessoas menos devoradas pelas atividades e sufocadas por apegos. Transmitiríamos mais paz interior e nossa presença seria naturalmente mais serena.

Infelizmente não fomos acostumados ao silêncio. Preferimos o tumulto do dia a dia e não percebemos que o silêncio nos devolve a nós mesmos porque recompõe e harmoniza o que está desintegrado dentro de nós. É como se pudéssemos desatar-nos do que nos prende às coisas, libertando-nos, soltando todas as amarras, tornando-nos pessoas mais autênticas.
Jesus já ensinou o caminho: “Mas vós, quando orardes, entrai em vosso quarto e, fechando a porta, orai a vosso Pai em segredo...”
Uma vez encontrado assim o lugar retirado, amemos este lugar e voltemos a ele sempre que for possível e não tenhamos pressa em trocá-lo por outro. Deveria haver algum quarto ou lugar onde ninguém pudesse nos encontrar ou perceber nossa presença. 
Se não temos este lugar ainda, Thomas Merton nos dá uma boa dica: “As igrejas nas cidades são, por vezes, solidões tranquilas onde há paz. É como se fossem cavernas de silêncio onde pode alguém buscar refúgio contra a intolerável arrogância do mundo dos negócios. Pode-se, às vezes, estar mais só numa igreja do que num quarto de nossa própria casa. Nessas igrejas fica-se incógnito, imperturbado entre as sombras, onde há apenas um ou outro desconhecido”.
As Igrejas são verdadeiramente lugares onde encontramos refúgio e podemos nos ajoelhar em silêncio. Casas de Deus, cheias de sua presença silenciosa. Se as palavras não brotam do coração podemos ficar ali apenas a mergulhar no silêncio e adorar, em segredo, o Pai.
Quando vamos para o “deserto” não é com o intuito de fugir das pessoas, mas para que possamos aprender a encontrá-las verdadeiramente. E, se descobrirmos como encontrá-las em nosso jeito de amar, de respeitar, de perdoar, de entender, de tolerar, o silêncio terá cumprido sua missão que é a de nos mover a olhar para dentro de nosso coração e encontrar ali, o que de melhor pudermos oferecer às pessoas.  

Imagem:Google

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