Conta-nos uma lenda, que
existia em um reino muito distante, uma grande quantidade de terras que se
perdiam no horizonte e iam muito além das montanhas.
Chamava-se "o reino do
coração". Uma jovem senhora recebera de Deus a incumbência de cuidar e
administrar, como quisesse, toda aquela imensidão de terras.
Para se ter uma idéia, ela
possuía mais terras do que o próprio rei.
A jovem senhora sempre soube
administrar com maestria todos os setores do reino do coração que lhe
pertenciam.
Era uma mulher bondosa e,
mesmo contra a vontade de muita gente, ela sempre distribuía alguns hectares de
sua propriedade para as pessoas simples que batiam à sua porta.
As pessoas pediam para ficar
um tempo e acabavam se demorando, se demorando até se instalarem de vez.
Tudo corria maravilhosamente
bem até que chegou um posseiro e quis morar nas terras do coração que ela mais
gostava: "as terras da afetividade".
Aproveitando-se da ausência
da senhora, que viajara por algum tempo, esse posseiro se apoderou do seu
recanto mais precioso, onde ela cultivava as flores da paixão, da cumplicidade,
do companheirismo e de muitas outras flores relacionadas ao sentimento.
Quando ela retornou, ficou
bastante surpresa ao ver que aquele forasteiro havia se instalado ali.
No entanto, ele não era um
forasteiro qualquer, era como um raio de sol, e ao seu suave toque todas as
flores se abriam e começavam a exalar um perfume inebriante.
Com a presença daquele homem
incomum, o recanto secreto da jovem senhora se tornou o mais belo de todo o reino.
A administradora não teve
como recusar a permanência daquele posseiro singular, pois sua presença havia
mudado para sempre os jardins dos seus mais secretos sentimentos...
No entanto, um dia... um dia
que a jovem senhora não mais poderia esquecer, seu jardim amanheceu sem brilho
e sem perfume...
Parecia que o inverno
chegara mais cedo..., e um frio extemporâneo havia crestado todas
flores...
A dona das terras quis saber
o motivo e seu pequeno-grande coração quase desfaleceu ao saber que seu raio de
sol havia partido...
Ela saiu a buscar por todos
os cantos do seu reino, mas não mais o encontrou.
A tristeza quis tomar posse
do seu recanto precioso, mas ela insistia em ter de volta o toque suave do seu
raio de sol, único capaz de trazer novamente o viço e o perfume às
flores.
No entanto, numa manhã...
numa manhã que a jovem senhora não mais poderá esquecer, seu raio de sol
voltou... mas não voltou para ficar...
Ele propôs uma condição:
poderia apenas visitar aquele recanto de paz e amor a cada início de primavera,
para beijar todas as flores pelas quais nutria imenso carinho.
Apesar de sentir-se triste
por não ter seu raio de sol em todas as estações, a jovem senhora aceitou as
condições.
E é assim que a cada início
de primavera o raio de sol beija as flores e elas se abrem, e exalam seu
inebriante perfume como todas as flores cultivadas pelo amor de alguém muito
especial.
Pense bem...
"Se você também cultiva as
flores da paixão e não tem um raio de sol para beijá-las todas as manhãs,
cultive as flores da afetividade, da amizade, da fraternidade... Se você não tem ninguém para
compartilhar seus sonhos, seus desejos, seus anseios, abra as portas do reino
do coração e libere as terras onde possa brotar a esperança. Cultive a esperança de um
dia encontrar, como a jovem senhora da lenda, um raio de sol que possa aquecer
para sempre o seu recanto de amor."
Imagem:Google
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