Quantas
vezes na vida você teve a sensação de estar lendo pela primeira vez um livro,
artigo ou matéria que já havia sido lido previamente? Quantas vezes foi
surpreendido quando procurava por um objeto perdido na casa ao encontrá-lo num
local que já havia sido verificado várias vezes? Você pode até mesmo não ter
reparado que quando discutiu com aquela tal pessoa por motivo de atraso, estava
acessando uma séria ferida sua de abandono. Aquela pessoa foi sempre tão
pontual, mas justo na primeira vez que se atrasou recebeu uma resposta tão
desproporcional, que passou a se perguntar se aquela seria realmente uma falta
grave que exigisse tal nível de repreensão.
Isso
também pode ter acontecido de forma completamente oposta, ou seja, alguém pode
ter sido rude com você sem uma razão aparente, mas será que era você mesmo (a)
o alvo?
Muitas
vezes deixamos passar batido inúmeros detalhes que poderiam ser fundamentais
para a completude de nosso quebra-cabeça cotidiano. Estamos tão condicionados a
pensar de tal forma, a reagir de tal maneira, estamos tão dependentes de nossos
pontos de vista rígidos e visão limitada que deixamos passar pérolas preciosas
que poderiam nos trazer uma resposta mais fiel à realidade, e nos ajudar em muitos
momentos de necessidade.
Quando
você leu aquele livro pela primeira vez, por que razão não percebeu aquela
frase genial? Quando você procurava por aquele guarda-chuva, por que razão teve
dificuldade em encontrá-lo? Será que você estava realmente presente e atento?
Será que você não estava limitando o seu próprio campo de possibilidades?
Somos
muitas vezes muito rápidos em julgar uma pessoa ou situação e, logo que
formamos nossa opinião, instantaneamente ela se torna nossa realidade.
Mas
será que nossos filtros estão limpos? Será que esses canais por onde passam e
são processadas essas informações estão sempre se autorrenovando? Ou estariam
eles condicionados às nossas experiências do passado, repetindo padrões
arcaicos mecanicamente?
Olhe
novamente. Será que aquela pessoa realmente queria lhe magoar? Olhe novamente.
Será que você não estava apenas reagindo a uma memória dolorida quando se
exaltou com aquele seu amigo? Olhe novamente. Será que você não estava com a
cabeça enfiada no trabalho quando leu aquele livro e achou que aquilo era uma perda
de tempo? Olhe novamente. Será que você não estava procurando pelo guarda-chuva
no lugar convencional (na área de serviço) onde você costumava guardá-lo de
forma que quando passava por outros aposentos não conseguia enxergá-lo?
Muitas
coisas nos impedem de adotarmos uma visão mais holística de tudo, mas a
principal delas é a nossa percepção. E muito da nossa percepção da realidade
origina-se de uma caixa de leituras de nosso passado que é projetada pela mente
como um filme que fica repetindo, repetindo e repetindo... Nossas
interpretações, conclusões e reações ficam ali registradas e são acionadas
quando menos esperamos por elas. Situações se repetem em nossas vidas, tipos de
pessoas específicos são atraídos para nosso convívio e isso não é obra do acaso!
Mas,
é claro, o filme que está rodando é o mesmo! Você está assistindo em preto e
branco um filme que na verdade é colorido!
Experimente
trocar o filtro. Experimente deixar essa caixa de leitura antiquada de lado.
Ao
invés de sair julgando pessoas e situações à primeira vista, não seria melhor
olhar novamente?
Pratique
a arte da observação. Isso certamente fortalecerá a sua presença e modificará a
sua percepção da realidade. Observe mais a casa onde vive; os móveis, as
flores, a limpeza e a arrumação. Observe seu ambiente de trabalho, observe as
pessoas, as situações... Observe a si mesmo. Maravilhas e revelações preciosas
surgirão e talvez um novo mundo se descortine diante de seus olhos!
Pare
um instante, e olhe novamente...
Imagem:Google
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