quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A VOZ DO SILÊNCIO

Pior que a voz que cala, é o silêncio que fala. Simples, rápido! E quanta força!
Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silencio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas.
Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão.
O perdão não vem nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silencio, a ante-sala do fim.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento.
Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõe suas queixas, jogam limpo.
Já o silencio arquiteta planos que não são compartilhados. Quando nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: “Diz ai alguma coisa, não fica ai parado me olhando!”. É o silencio de um, mandando, más noticias para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações em que o silencio é bem vindo. Para o cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silencio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, o silencio é um presente. Para os seguranças de um show de rock, o silencio é um sonho.
Mesmo no amor , quando a relação é madura e solida, o silencio a dois não incomoda, pois é o silencio da paz.
O único silêncio que perturba, é daquele que fala. E fala alto.
É quando ninguém bate à nossa porta, não há emails na caixa de entrada, não há recados na secretaria eletrônica e mesmo assim, você entende a mensagem.

Autoria atribuída a Martha Medeiros.


Imagem: Google

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